“Albus nunca nos trairia”
POV Scorpius
Demorei um segundo para me movimentar e perceber realmente o que
acontecia. Lana surgiu do nada e agarrou o cabelo de Rose, puxando-a para longe
de mim. Mas isso só durou um segundo, pois Rose logo estava agarrando o cabelo
dela instintivamente e as duas começaram a gritar.
– Que merda você está fazendo? - pela segunda vez, me surpreendi com o
palavreado de Rose. Pensara que para os alunos de Beauxbatons, palavrões fossem
proibidos ou eles sequer chegassem a falar, mesmo que por educação.
– Você agarra meu homem e pergunta o que eu estou fazendo? - elas estão
brigando por mim? Olhei com expectativa aguardando a resposta de Rose, mas Lana
sequer lhe deu tempo. Ela tirou uma das mãos do cabelo de Rose e cravou as
unhas no braço de minha ruivinha e as duas se afastaram. Comecei a ver
vermelho. Ninguém machuca minha
ruivinha.
Sem medir as consequências, e ignorando que Rose já pegava sua varinha
para se defender à moda bruxa, fui em direção a elas e segurei com força os
braços de Lana, que não viu eu me aproximar, pois olhava com um ódio mortal
para Rose.
– Pare com isso! Eu não sou seu, já deixei bem claro isso! - gritei em
sua cara, e seu rosto desmoronou. Os olhos tingiram-se de mágoa e, quando Rose
riu baixinho, de raiva.
– Você vai pagar por isso, Scorpius. Você e a nova vadiazinha que
arrumou. - disse com o nariz arrebitado, dando meia volta. Mas claro que Rose
não ia ficar calada.
– Vadia é a tua... - revirando os olhos, beijei Rose para que ficasse
quieta, e ela me retribuiu com ardor. Quando não havia mais barulhos de passos
no corredor, Rose me empurrou com força, o que me fez olhá-la confuso.
– Qual é o seu problema? - explodiu.
– Hein? - completamente aturdido, tentei entender a expressão de raiva
que Rose adotara.
– Por que se meteu? Agora sim que essa garota não vai nos deixar em paz!
- e deu meia volta assim como Lana, indo pela outra direção, me deixando ali
completamente pasmo.
POV Rose
Como Scorpius ousava se intrometer? Meu
braço ainda doía e minha raiva aumentou. Não precisei de muito para ver que a
lambisgóia loira havia sido dispensada por Scorp. Lembrava-me dela do Salão
Comunal, no primeiro dia em que eu voltara. Usei a desculpa de devolver a capa
dele apenas para interromper a conversa dos dois. Agora ela interrompia nosso momento tentando arrancar minha cabeça. Aquilo não terminaria por ali.
Tanto por mim, quanto por ela. Lana. Tinha até um nome, mas preferia me
utilizar de adjetivos como vaca loira. Ela torraria nossa paciência. E principalmente, torraria a minha paciência.
Me infernizaria, provavelmente, tanto quanto eu a faria pagar pelo
arranhão que queimava em meu braço. Passei a mão lentamente sobre a manga do
tecido fino de minha roupa, conferindo que não estava rasgado.
Mais uma vez, por que razão Scorpius se intrometeu? E logo quando eu estava prestes a lançar
um Avada naquela vaca! Ao
invés de ir em direção às masmorras, para meu quarto, fui parar no sétimo
andar. Falei a senha para o Quadro da Mulher Gorda e entrei. Dominique estava
sentada em uma das mesas quase em frente a porta e fui logo em sua direção. Ela
me olhou de um jeito meio estranho enquanto me acomodava a sua frente.
– Quê?
– Seu cabelo Rose, está meio… bagunçado. – passei a mão agilmente pelos
fios longos, ajeitando-os de qualquer jeito. – O que aconteceu?
– Nada. – respondi rápido demais e ela riu. – Ok, aconteceu, mas não vim
aqui falar disso.
– Sobre o quê então?
– Alvo. Não, Dominique…
– Chega, não quero ouvir. – ela falou já meio alterada, mas eu sabia que
precisávamos conversar sobre aquilo. Eu sabia que Alvo não havia colocado o próprio nome no
Cálice, ele não faria aquilo. Eu, como uma boa prima, tinha que intervir
naquela situação, pois de todos da família, Domi era a que parecia – e estava –
mais ressentida.
Segurei sua mão e ela me olhou sem tirar a expressão de chateação do
rosto.
– Ele me enganou, Rose. A todos. Concordamos… - deixei-a falar, despejar
tudo o que queria, apenas esperei ela terminar, e só então tomei a palavra.
– Domi, há quanto tempo nos conhecemos? Nunca faríamos nada que
prejudicasse um ao outro, nem sequer minimizar um de nós, de qualquer forma que
fosse. Alvo está com medo, você lembra das histórias com as quais crescemos sobre
o Torneio Tribruxo, sabe o que rodeou tio Harry e como meu pai o abandonou.
Seja lá o que tenha acontecido para alguém, que não foi Alvo, colocar o nome de
nosso primo lá, a única coisa que podemos fazer é apoiá-lo. A última coisa que
precisamos agora é nos desgastar emocionalmente por isso. Ele vai precisar de
apoio, já basta todas as pessoas que o estão encarando desse jeito estranho.
Domi, ele precisa da gente. De mim, de você, Lily… de toda a família e amigos
que puderem apoiá-lo. Seja lá o que vai acontecer de agora em diante, teremos
que ficar juntos. Olha pra mim. – ela o fez e lia em seus olhos que tudo o que
eu disse a fizera pensar. – Alvo nunca nos trairia. Somos uma família. Ninguém
derruba ninguém aqui.
Pensei que ela fosse precisar de uns minutos para concordar, mas ela se
levantou e foi na direção de Alvo, que estava sentado sozinho em uma poltrona
em frente a lareira. Ela falou alguma coisa para ele, que se levantou com um
sorriso e logo os dois estavam se abraçando.
Após acompanhar os dois fazendo as pazes com um grande sorriso no rosto,
lembrei que precisava resolver uma situação com uma loira arrogante e
sonserina.
Saí imediatamente da sala comunal da Grifinória, indo para o da
Sonserina. Este estava cheio, fazendo parecer que todos os alunos haviam
resolvido ficar por ali aquela noite. Avistei a tal da Lana do outro lado da
sala. Estava indo determinada em sua direção quando alguém achou interessante
interromper minha caminhada propensa a terminar em assassinato.
– Oi! – enfatizou alargando o sorriso. Olhei com interesse os olhos
castanhos por detrás dos óculos verde-cana. – Que tal dar meia volta?
– Não, tenho assuntos pendentes.
– Nananinanão. – falou me segurando pelos ombros quando tentei, em vão,
retomar meu caminho. –Conheço esse olhar. Nem adianta fazer essa cara, você
sabe que não vou te deixar se aproximar de ninguém aqui.
Olhei para a tal da Lana marcando-a mentalmente. Teria tempo para me
vingar.
Aline, infelizmente, ou felizmente a depender do ponto de vista, me
conhecia bem. Apenas em me ver, ela sabia que eu pretendia me tornar uma
homicida, mas evitou aquilo, me levando para um sofá onde Louise e Isabela
estavam sentadas.
– Então, quem está querendo matar? – perguntou depois de nos acomodarmos
uma ao lado da outra.
Naquele momento reparei que, exceto quando necessário virar as costas,
minha atenção não se desviara de Lana.
Suspirei me virando para ela e despejei toda a história. Ela riu, o que
primeiramente me deixou com raiva, mas antes que eu resmungasse, ela falou.
– Rose, você não pode ficar pensando nisso. Tem o Torneio pra pensar e
isso já ocupa muito espaço e tempo em sua vida. Deixa essa garota pra lá. Se
ela chegou a esse ponto e pela forma que você diz que seu namoradinho
respondeu, eles não têm nada. E eu sei que tem seu orgulho e coisa e tal, já
ouvi essa ladainha antes. Mas você não pode se dar ao luxo de se entreter com
uma briga. Sabe Merlin até onde vocês duas podem ir e como pode terminar. Você
tem que ficar inteira pra conseguir a Taça.
Pensei sobre aquilo um tempo. Ela estava certa. Eu confiava que ganhava
um duelo com a magrela-loira-Lana, mas não significava que ela não pudesse me
machucar também.
– Torneio, Rose. A Taça. – Line repetiu e eu concordei, tentando me
acalmar e focando naquelas duas palavras: Torneio e Taça.
Era só me preocupar o suficiente com aquilo… por um tempo. Nunca que eu
a deixaria sair impune do que me fizera. Bastava realizarmos a primeira prova,
a qual eu sabia, podia chegar de surpresa, ou pelo menos ter uma ideia do que
aconteceria, e acertaria minhas contas com ela.
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