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AVRW - Capítulo 03

Mom and Dad
POV Rose
Por um momento, eu e Hugo nos encaramos. Ele estava perto o suficiente para eu perceber o quanto meu irmão crescera, e meus olhos ficaram úmidos. Ele estava tão diferente. Crescera tanto desde a última vez que o vira.
A última vez que o vi...
Como pude aguentar tanto tempo longe de meu irmão? Três anos antes ele estava apenas no terceiro ano, era uma criança! Tinha o cabelo ruivo e era tão desengonçado quanto – como dizia minha mãe – meu pai. Agora, com dezesseis anos, aparentava mais ser um homem que um menino.
Ele se levantou.
Fiquei tensa. O ar pareceu me faltar naquele momento.
Imaginei logo que ele gritaria, me xingaria e me mandaria embora dizendo que me odiava. Que não me queria ali e que eu o magoara demais fugindo.
Mas então, para minha surpresa, ele correu em minha direção. Não era mais desengonçado e em seu rosto havia expressões duras, o olhar profundo, como se tivesse sofrido muito. Meu coração se apertou.
Seu corpo se chocou ao meu e as lágrimas, que antes estavam reprimidas em mim, desceram como cachoeira pelo meu rosto. Apoiei minha cabeça em seu ombro e meus olhos se fecharam, apreciando o abraço.
Eu estava abraçando meu irmão! Era tão irreal que apalpei o rosto dele querendo me certificar de que estava mesmo ali. E estava.
– Rose, é mesmo você? – perguntou com a voz embargada.
Assenti, incapaz de pronunciar qualquer palavra. Me separei dele olhando novamente para a mesa da Grifinória e Alvo já vinha em nossa direção.
Abracei com força meu primo e melhor amigo. Seus olhos estavam úmidos e parecia incapaz de falar, assim como eu. Sentia meu coração prestes a explodir pelo simples fato de estar olhando todos eles novamente. Tocá-los, lembrar que eram reais…
Minha família.
Senti mais um corpo se chocar ao nosso e então não era apenas Alvo quem eu abraçava. Me soltei dele para abraçar Lilian, logo depois Fred, Lucy, Dominique, Victoire, Molly e Louis. Todos ficaram ao meu redor, tapando qualquer visão que pudesse ter do resto do Salão Principal, mas podia sentir todos os olhares centrados em nós.
Mas eu pouco me importava. Parecia estar vivendo um sonho e por um momento eu me perguntei se, depois de alguns minutos, Sophie não faria água jorrar de sua varinha – como ela insistia em me acordar quando alguns berros não adiantavam – e eu acordaria. Iria para as aulas com aquele sentimento vazio me preenchendo e passaria a noite refletindo se o que fizera fora realmente certo.
Mas não. O sentimento vazio que sempre me corroera agora não mais existia; sentia-me aquecida por dentro apenas em olhar aqueles cabelos ruivos iguais ao meu. Meus primos. Minha família. Eu nunca dera real importância a eles até aquele momento, quando finalmente percebera o quanto eram importantes para mim.
Eu precisava deles!
Como aguentara viver tanto tempo sem Lilian? A garota doce e decidida que vivia lá em casa para brincar com meu irmão, ou até mesmo brincar de boneca comigo? Lilian era linda e muito popular na Escola, mas sempre esteve comigo, nunca me deixou sozinha – apesar das várias vezes que fora recriminada por estar ao meu lado.
Ou Dominique, a veela da família que sempre me ajudara, me apoiara? Quantas azarações ela já havia lançado contra os sonserinos pelas zombarias contra mim? Eram tantas que nem conseguia lembrar.
Como aguentara viver tanto tempo sem Alvo, o único moreno da família (além do tio Harry), por três anos? Meu melhor amigo! Eu contava tudo a ele e, olhando-o atentamente, percebi o quanto sentira falta dos momentos em que ele me consolara, brincara comigo e me defendera de todos os que me humilhavam. Era meu segundo irmão, praticamente. E ninguém, ninguém ocupara o lugar dele em todos esses anos. Dei um sorriso para ele, tentando demonstrar tudo o que estava sentindo, mas era um turbilhão de emoções!
Meu Merlim, o que eu deixei pra trás?
Abracei novamente Hugo, não acreditando como meu irmão crescera e perdera aquela pose de “pirralho”. Ele sorria. Os olhos brilhando de alegria, enquanto retribuía novamente meu abraço.
Senti alguém tocar levemente meu obro e me desvencilhei delicadamente de Hugo, olhando para o rosto sério e impassível de Madame Marie.
– Vocês precisam se sentar – falou suavemente para meus primos, ainda com a
mão em meu ombro – os alunos de Durmstrang já estão chegando.
Meus primos, parecendo sair do torpor que estavam, assentiram. Lembrei que tinham muitas pessoas ali e falei rapidamente, olhando ternamente para meus primos.
– Teremos todo o tempo do mundo para conversar. – disse tentando dar um sorriso, mas meu cérebro parecia não querer responder aos estímulos e continuei apenas a olhá-los bobamente.
Mas meus olhos sorriam, e isso bastava.
– É bom mesmo. – concordou vividamente Hugo – Você não sai mais de minhas vistas. – avisou. – Temos muito que conversar. – encolhi-me um pouco com sua voz severa, mas assenti.
Era óbvio que precisávamos conversar, colocar os pingos nos is… assim como era evidente que aquele não era o lugar ideal, com todo o Salão Principal em silêncio, olhando atentamente para nós – ou melhor, para mim.
Lilian, Fred, Lucy, Dominique, Victoire, Molly, Louis, Alvo e Hugo voltaram lentamente para a mesa da Grifinória. Acompanhei-os com os olhos e percebi brevemente que Roxanne continuava sentada, olhando sua comida com a expressão raivosa. Voltei-me para Madame Marie, os olhos agoniados.
– Não posso me sentar com eles?
– Não. – meu rosto desmoronou e ela completou docemente. – Pelo menos hoje você deverá se sentar com suas colegas. Paciência, criança, ainda terá muito tempo para matar a saudade. – fiz uma cara de desgosto, mas rapidamente me recompus.
A primeira e principal regra de Beauxbatons era respeitar nossa diretora, e eu sabia que a careta que fazia era de todo muito desrespeitosa. Assim sendo, assenti e virei o rosto para o lado, onde eu via a diretora McGonagall caminhando apressada em nossa direção.
– Fico muito feliz que tenha voltado, senhorita Weasley. – abraçou-me rapidamente, olhando esbaforida para a porta. – Mas sugiro que se sentem, Krum acaba de chegar. – assenti novamente e virei-me para ir em direção a mesa em que estavam minhas colegas, mas a diretora segurou meu braço. – é realmente muito bom tê-la de volta, Rose. – disse suavemente. Meu cérebro cooperou comigo dessa vez e eu dei um sorriso: a senhora McGonagall vivia frequentando minha casa e nosso relacionamento era muito mais que o de diretora-aluna.
– É bom estar de volta. – e foi com grande ironia que me dirigi à mesa da Sonserina, onde infelizmente meus colegas tinham se acomodado.
Sentei-me delicadamente entre Sophie e Caterine, ignorando os olhares chocados e traídos de todos. Ninguém em Beauxbatons sabia quem eu era. Todos me conheciam apenas por Rose Granger, nunca ninguém soubera que meu outro sobrenome era Weasley – apenas Sophie e Caterine – e nem que antes de Beauxbatons, eu estudara em Hogwarts. Engoli um suspiro: aí estava mais um problema que teria de enfrentar.
Ouvimos um barulho e todos os olhares se dirigiram para porta do Salão Principal que fora aberta com estrondo. A fileira de alunos de Durmstrang entrou fazendo sua apresentação e, por um momento, deixei de ser o centro dos olhares. Caterine, aproveitando que as atenções não estavam mais em mim, sussurrou para que apenas eu e Sophie ouvíssemos:
– Aquele garoto do fim da mesa tá te olhando Rose, desde que você chegou. É ele? – o mais discretamente possível, joguei meus cabelos para o lado, formando uma cortina, e olhei para onde Caterine apontava discretamente.
Scorpious Malfoy parecia o único que não prestava atenção na apresentação de Durmstrang. Seus olhos estavam fixos em mim e percebeu quando o encarei, mesmo que discretamente. Meu coração falhou.
Ele. O sonserino que mais me humilhara, que logo em meu primeiro ano acabara com todos os sonhos e expectativas de anos perfeitos em Hogwarts. Aquele que mais me odiava e desprezava. Que acabara com a minha vida. Que me fizera desistir de tudo e abandonar minha família.
Aquele por quem me apaixonei na primeira vez em que o vi.


Flashback on– Primeiro ano


Olhei inocentemente por cima de meu caldeirão para o garoto que estava do outro lado da sala. Era ele.
Não parecia concentrado na poção que teríamos que entregar naquele mesmo dia, pelo contrário: conversava urgentemente com seu melhor amigo, Luke Zabini. Observei quando ele riu de algo que Zabini falara e admirei seu sorriso. Ele era tão lindo! Desde a primeira vez que o vira, me senti apaixonada. Sempre o olhava sem que notasse, admirando-o e sonhando com o dia em que ele viria falar comigo.
Imaginando como seria se ele ao menos me olhasse. Mas, quando fez isso, foi com desprezo. Confessei para Lilian e Dominique, minhas melhores amigas, por quem eu era apaixonada, mas Roxanne ouviu e no outro dia todos da escola ficaram sabendo. Por alguma razão que me era desconhecida, Roxanne nunca gostara de mim.
Scorpius Malfoy finalmente percebera minha existência e fora falar comigo, mas não pelo motivo que eu gostaria. Nunca esqueço a primeira frase que ele dirigiu a mim: “Nunca haverá chance alguma de eu gostar de você, sua filhote de sangue-ruim.”. E pronto. Minha fantasia estava acabada.


Flashback off


– Rose! – chamou-me Sophie, fazendo com que eu despertasse. Ela balançava as mãos em minha frente e pisquei os olhos, tentando focar o olhar. – está no mundo da lua menina? – perguntou risonha.
– Não, eu só... estava pensando numas coisas. – respondi desconcertada, desviando o olhar do garoto loiro que ainda me observava.
– Ou em alguém? – inquiriu Catherine, arqueando uma sobrancelha. Fiquei quieta e prestei atenção na diretora McGonagall, que se levantava fazendo com o que o salão se silenciasse.
– Boa noite a todos e, muito especialmente, aos hóspedes. – disse ela, sorrindo para a mesa onde estávamos e a da Corvinal, onde os alunos da Durmstrang tinham se instalado. – o torneio será oficialmente aberto após o banquete. – as travessas encheram-se mal tinha terminado de falar, mas ela sorriu e surpreendendo a todos, saiu a passos firmes do Salão Principal.
– Então, Granger – começou Nicole, que estava na minha frente, enfatizando meu sobrenome – por acaso pretendia nos contar que é de uma escola rival?
O canto da mesa onde eu e meus colegas estávamos ficou anormalmente silencioso se comparado a todo o salão, que enchera-se de vozes animadas e burburinhos.
Encarei firmemente Nicole. Pelo seu olhar deu para perceber que sentia-se traída e ofendida, mas não queria me confrontar.
Dei de ombros, tentando manter uma postura indiferente.
– Minha escola é Beauxbatons, e isso é o que importa. – meus colegas continuaram em silencia, ainda olhando para mim, e suspirei rendida. – Olhem, sinto muito por não ter contado a vocês, ok? Mas minha decisão implicou consequências e eu não poderia falar para vocês quem realmente era. Me perdoem. – seguiu-se um silêncio tenso a minhas palavras, mas então Nicole abriu um largo sorriso.
– É claro que te perdoamos. Nossa escola mudou e para melhor assim que você entrou lá. – disse sorrindo delicadamente. Sorri também, feliz com o gesto amigo e, principalmente, por todos parecerem concordar.
A partir daí a conversa prosseguiu, a maioria comentava sobre Hogwarts e até me faziam perguntas sobre a escola. Todos pareciam muito animados.
– Eu prefiro Beauxbatons, mas Hogwarts tem um toque acolhedor que não tem lá, não acham? – comentou Catherine.
– Também acho. – concordou Giulio imediatamente. Revirei os olhos, sabendo que só o fizera, pois era louco por Catherine havia anos, porém muitos também pareceram concordar. Eles continuaram a discutir, fazendo comparações entre as duas escolas e comentando sobre os alunos da Durmstrang, quando de repente o Salão Principal ficou completamente silencioso.
Olhei imediatamente para os lados, procurando o motivo pelo silêncio. Meus olhos ficaram rasos quando os vi. Meus pais.
Minha mãe corria em minha direção com meu pai logo atrás, e pelo campo de visão vi tio Harry e tia Gina na porta. Me levantei imediatamente, sentindo uma lágrima escorrer enquanto também corria até minha mãe. Assim que nos encontramos, ela me abraçou fortemente. Ficamos um longo minuto assim e eu não queria sair dali nunca mais. Sentia-me protegida e segura como não me sentia há tempos. Mas então, cedo demais, ela me largou e segurou meus ombros.
– QUAL O SEU PROBLEMA, ROSE WEASLEY? QUAL? COMO TEVE CORAGEM DE NOS ABANDONAR? DE NOS DEIXAR SEM NOTÍCIAS POR TRÊS ANOS? – meus olhos arregalaram-se com a súbita mudança de humor, mas senti que era justo. Eu sabia que minha mãe sofrera e sem dúvida aquela era a melhor das reações que eu fantasiara todos esses anos ao pensar em nosso possível reencontro.
– Hermione, deixe a menina. – pediu Rony risonho. Ele se aproximou de onde estávamos e também me abraçou. – senti muito sua falta, Rose. – seus olhos também estavam úmidos e ele sorria docemente pra mim.
– Também senti papai. Muita.
Mamãe fungou audivelmente e joguei meus braços nos dois ao mesmo tempo, deixando as lágrimas escorrerem livremente. Assim que os larguei, percebi que estávamos fazendo um show na frente do Salão Principal, e como minha intenção não era essa, peguei a mão dos dois, caminhando com eles até a saída.
Assim que cheguei na porta, abracei tio Harry e tia Gina.
– É muito bom tê-la de volta. – disse Gina com um simples sorriso. Assenti, concordando.
Era bom estar de volta.
Papai olhou rapidamente para o Salão, procurando por alguém. Vi ele acenando para Hugo, que correu para se juntar a nós. Lilian e Alvo fizeram questão de se levantar também, mas tio Harry fez sinal negativo pra eles. Ele saiu andando na frente e vi tia Gina sorrir marotamente, acenando para Lilian e Alvo. Os dois abriram grandes sorrisos e correram até nós, enquanto tio Harry revirava os olhos, mas sorria. Segurei novamente a mão de mamãe e papai, e fomos todos em direção a sala da diretora.
Era hora de por o papo em dia.


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