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8 Regras Para Escrever Uma História Curta - Kurt Vonnegut

Espero que seja de serventia. Achei que pudesse interessar.



1 . Use o tempo de um complemento de tal maneira que ele ou ela não sinta que o tempo foi desperdiçado.
2 . Dê ao leitor ao menos um personagem pelo qual ele pode simpatizar.
3 . Todo personagem deve desejar algo, mesmo que seja apenas um copo de água.
4 . Toda sentença deve fazer uma ou duas coisas: revelar o personagem ou avançar na história.
5 . Sempre que possível, comece sua história pelo ponto mais próximo do seu final.
6 . Seja sádico. Não importa quão simpáticos e inocentes sejam seus personagens principais, faça coisas terríveis acontecer com eles para que o leitor perceba do que eles são feitos.
7 . Escreva para agradar apenas uma pessoa. Se você abrir uma janela e fizer amor com o mundo, assim dizendo, sua história vai pegar uma pneumonia.
8 . Dê aos seus leitores o máximo de informação o mais cedo possível. Que se dane o suspense. Leitores devem ter um entendimento tão completo do que está acontecendo, onde e porque, para poder finalizar a história por eles próprios, as baratas devem comer as últimas páginas.

Fonte: http://www.mais1livro.com/8-regras-para-escrever-uma-historia-curta-%E2%80%93-por-kurt-vonnegut/

AVRW - Capítulo 16

                                                                    A Gosma
POV Rose
– Onde estão as caixas? - olhei desesperada para o chão buscando qualquer sinal dos objetos brilhantes, mas só havia o verde da mata e o escuro da clareira. - Albus...
– ROSE! - meu primo me puxou rapidamente de volta para as árvores e fui tropeçando atrás dele. O Cérbero investiu em nossa direção enquanto eu me distraía em meu próprio desespero. Os latidos entraram em meus ouvidos deixando-me agoniada. Quando a baba dele respingou próximo a nossos pés, dei um grito de nojo.
– Albus temos um problema... um grande problema! - coloquei as mãos na cabeça. Olhei para os lados em busca de qualquer sinal das aranhas, mas com exceção dos latidos do Cérbero, havíamos apenas eu e meu primo nas redondezas. O que havia acontecido? A minha chance de ser a primeira a concluir a prova havia sumido junto com as aranhas.
– Rose. - Albus murmurou após algum tempo e o olhei. Ele apontava para algo localizado depois da clareira.
Apertei os olhos enxergando Scorpius. Ele estava parado, a cabeça erguida em direção ao Cérbero, que voltara sua atenção para ele, latindo insanamente.
– Ele não vai entender o que tem que fazer, Al. Sem as caixas aqui...
– Que caixas são essas, afinal?
Respirei fundo, voltando a explicar.
– Tinham quatro caixas, Al. Duas douradas e duas prateadas, penduradas no pescoço do super cachorro aí. Eu... - abaixei o tom. - eu enfeiticei uma aranha para que pegasse uma das caixas para mim.
– Enfeitiçou? - sua voz era curiosa.
Imperio
– É o quê? Rose, você não tem juízo? - gritou e me lancei em cima dele, tentando fazê-lo calar a boca. Ele se desequilibrou e caímos no chão úmido da mata, eu por cima dele.
– Shh... eu já fiz, agora pronto. - apoiei minhas mãos ao lado de seu corpo.
– Uma imperdoável, Rose? - perguntou ansioso.
Fiz minha melhor cara de arrependida, saindo de cima dele.
– Desculpa, Al. Eu não sei onde estava com a cabeça.
– Tenho certeza que não. - ele se ergueu com um pulo.
– O que importa é que elas sumiram. E... bem, acho que foram as aranhas.
Ele soltou o ar me olhando algum tempo. Ele estava mordendo o lábio inferior, ora de um lado, ora de outro, o que significava que estava buscando a solução para o problema.
– Agora elas estão com as caixas. 
– Provavelmente.
– As caixas que nos fazem terminar a prova! – balancei a cabeça rapidamente, confirmando. – Quem essas aranhas pesam que são? – falou comicamente.
– Não é hora para brincadeiras. – conjecturei.
– Rose, EU TÔ DESESPERADO! – desabafou em um só fôlego. – Eu nem queria colocar meu nome no Cálice! Mesmo antes de entrarmos em acordo familiar. Eu.não.queria.participar.desse.Torneio! Eu só queria chegar nessa droga de prova e fazer logo o que eu tinha que fazer. Pronto!
Uma culpa começou a me apoderar. Eu havia dificultado ainda mais para meu primo. Por mais que eu quisesse terminar logo a prova, minha vontade maior era a de vencer, e pouco me importava ficar o dia inteiro naquela Floresta.
Minha meta era apenas concluir a prova.
Mas Albus? Ele não queria participar e fora obrigado, ao ter seu nome escolhido pelo Cálice. Provavelmente desejava terminar todas em um minuto, se fosse possível, totalmente o oposto de mim, Scorpius e Kubrat, que apesar de tudo, queríamos aproveitar o momento e nos vangloriarmos no final.
– Você nunca me contou isso.
Ele apenas balançou os ombros em resposta. Apontou Scorp.
– Vai avisar ele? – observei o sonserino com a mão no queixo, provavelmente não fazendo ideia do que fazer a seguir.
– Qual é, Al… quanto menos pessoas…
– Pensei que ele fosse seu namorado.
– E é. Mas namoro é namoro, negócios à parte.
– É, mas por sua causa, nem ele, nem Boris saberão o que fazer. – engoli em seco.
– Tudo bem, já entendi. – resmunguei.
Observei Scorpius começar a andar ao redor da clareira, sem tirar os olhos do Cérbero, que agora apenas o acompanhava com o olhar, sem mais latidos. Em alguns minutos ele parava a alguns metros de nós dois e nos encarava curioso. 
– Vem aqui. - chamei acrescentando um sinal com a mão. Ele olhou desconfiado de mim para Albus. - Vem. - resmunguei chateada e ele começou a caminhar em nossa direção, parando a uns dois metros da gente. - Qual é Malfoy, o que acha que a gente vai fazer?
– Sei lá, eu se tivesse algum amiguinho nessa busca, me juntava com ele tentando derrubar os outros. 
Revirei os olhos enquanto Albus resmungava.
– Tinha razão, era melhor tê-lo deixado pra trás.
– Como assim? - o loiro perguntou, agora curioso, dando mais um passo em nossa direção.
Olhei para Albus querendo ter certeza que ele queria compartilhar aquele segredo. Ele me deu um olhar do tipo “Fala logo que eu tô mandando”. 
– Eu cheguei aqui já tem um tempo e quando estava me aproximando, todas as aranhas estavam em cima dele... - apontei o Cérbero. - e elas fugiram carregando alguma coisa. Não deu pra ver o que foi, mas sei que era prateada.
Não precisava contar tudo como acontecera. Se eu falasse da existência apenas das prateadas, eram coisas assim que ele buscaria, restando as outras pra gente. A única coisa que eu tinha que garantir era que eu e Albus encontrássemos as douradas o mais rápido possível.
– Isso tá estranho. - Scorpius comentou. Olhei-o ranzinza. 
– Olha só, por mim, já teríamos dado o fora, mas graças a Albus, estou aqui aguardando você e Kubrat chegarem para avisar isso a cada um. Então se não acredita, vá terminar a prova do seu jeito.
– Como conseguiu esse machucado? - apontou com o dedo alguma coisa em minha cabeça. Levei a mão buscando o que era e fiz uma careta de dor, ao perceber que ganhara um galo no lado esquerdo da testa.
– Droga. Encontrei com uma aranha lá na frente, deve ter sido isso. Ela tentou me comer. - ponderei forçando um sorriso.
– E você está bem? - perguntou, subitamente ansioso. Sua testa franziu de preocupação, enquanto ele revisava rapidamente meu corpo com os olhos. Corei, pois Albus estava bem ali ao lado e poderia interpretar de outra maneira seu olhar.
– Não, Malfoy, eu desmaiei e estou com risco de morte. - ironizei, tentando disfarçar meu constrangimento. Ele arqueou as sobrancelhas, mas não disse nada, o que me deixou ainda mais sem graça.
– Muito bem, muito bem. O casalzinho poderia parar de discutir? - interferiu Albus, provavelmente para quebrar o silêncio constrangedor que se instalou após eu e Scorpius ficarmos quietos.
– Para onde as aranhas foram? - perguntou Scorpius, com um tom quase profissional, como se estivesse analisando todas as propostas de um contrato. Ri levemente, enquanto apontava para qualquer direção que as aranhas poderiam ter ido. Eu não fazia ideia, provavelmente havia desmaiado logo depois que alguma coisa havia me atingido.
– Então vamos para lá! O que estão esperando? 
– Albus é honesto demais. Ele queria esperar por você e por Kubrat para contarmos sobre o que as aranhas fizeram. - Albus fez uma careta engraça pra mim, e me corrigi mentalmente: o que eu fiz.
– Não temos tempo para sermos decentes! - exclamou Scorpius exasperado - Temos uma grande chance de ganhar, vamos atrás dessas aranhas! 
– Nós esperamos por você. - retrucou Albus. - Seria injusto se não fizéssemos o mesmo com Kubrat. 
E assim que Albus terminou a frase, como se o aluno de Durmstrang tivesse ouvido o que ele havia falado, escutamos pessoas dando vivas e festejando. Mesmo estando tão ao fundo da floresta, ouvimos com clareza os berros da multidão, os aplausos. Vimos os fogos de artifícios - que provavelmente haviam sido comprados na loja do tio Jorge - por entre as árvores. Nos entreolhamos com um terror mudo.
– O que você dizia mesmo? - perguntou Scorpius, sua voz transbordando sarcasmo em direção a Albus. Entreolhamo-nos novamente e, como se combinássemos apenas com o olhar, saímos correndo pela mesma direção que eu havia apontado antes.
– Não, não, parem! - gritei com a respiração falha após algum tempo de corrida. Dobrei meu corpo para frente apoiando minhas mãos em meu joelho, tentando respirar corretamente. Os dois fizerem o mesmo distantes alguns centímetros.
– O que... foi... Rose? - Scorpius perguntou ansioso enquanto tentava respirar.
Albus virou a cabeça rapidamente para ele e depois para mim, o rosto imerso em frieza.
– Olhem ao redor. - pedi com a respiração quase normalizada. Voltei a ficar ereta e girei sobre o mesmo lugar, olhando a mata. - Estão vendo?
– A única coisa que eu estou vendo é mato, Rose. - Al se aproximou parando a minha frente. Forcei um sorriso concordando rapidamente.
– Exato. Uma mata em perfeito estado! - olhei para eles e os dois se olharam como se concordassem que eu não estava batendo bem. - Não veem? Se as aranhas tivessem passado por aqui, teria pelo menos um galho fora do lugar, mas está tudo meio que no lugar. Havia umas trinta aranhas, no mínimo!
– Hmm. - os dois concordaram.
– Mas você quem disse que devíamos vir para cá. - Scorpius ponderou. 
– É, mas eu estava nervosa e morro de medo de aranhas. - tentei me explicar.
E assim decidimos voltar para a clareira.
– Aqui! - Scorpius gritou em meio aos latidos do Cérbero enquanto fazíamos uma revista ao redor da clareira, tentando encontrar o local correto. Olhei para Albus e voltamos a correr para onde Scorp estava.
Seguimos caminhando dois metros da trilha para confirmar que elas haviam passado por ali; a mata estava bastante destruída e com um olhar concordamos que ali era por onde seguiríamos.
Começamos a correr o mais rápido que nosso corpo já cansado permitia, seguindo o rastro de destruição que as aranhas haviam deixado para trás. Pedras partidas ao meio, folhas das árvores espalhadas para todos os lados juntamente com vários galhos, pequenos e grandes das árvores, a pequena perna de uma aranha que provavelmente fora pisoteada pelas irmãs; até mesmo uma árvore caída encontramos. Eu já estava alegando não aguentar mais dar um passo quando, finalmente, deparamo-nos com uma cena que nos fez parar, chocados.
– Mas o que...? - exclamou Scorpius, em choque. Eu e Al não estávamos diferentes, olhávamos boquiabertos as aranhas - ou pelo menos o que elas haviam sido. Eram mais ou menos umas quinze, e todas, sem exceção, estavam mortas. A cabeça delas fora tirada do corpo, e haviam cabeças e pernas espalhadas por todo o canto. Um líquido amarelado grudento e nojento cobria toda a folhagem, de modo que o chão verde mal era perceptível naquele mar de hemolinfa.
– Isso é...
– Horrível. - completei Albus, ainda sem conseguir me mexer. Aquele era um ato de tamanha crueldade, mesmo que as vítimas tenham sido aranhas, e não pessoas. 
– Como... - começou Albus, mas ele rapidamente balançou a cabeça, mudando a frase. - Quem fez isso?
– Não é óbvio? - desdenhou Scorpius, que saíra do estupor antes que Al e eu conseguíssemos. - Subestimamos Kubrat. Durmstrang... Não é uma escola confiável. Ouvi dizer que ensinam Magia Negra lá. Deveríamos ter desconfiado de que Kubrat seria capaz de fazer algo assim.
É claro que havíamos subestimado Boris. Eu, ao menos, nunca havia o visto como um forte adversário: minha preocupação, desde o início, fora Albus e Scorpius. Mas agora... Talvez ele fosse meu mais forte concorrente, já que não se preocupava em usar Magia Negra.
– As caixas. - sussurrou Albus, apontando para debaixo da cabeça de uma das aranhas, que se encontrava bem no meio daquele mar amarelo. Nós três nos entreolhamos, sem saber o que fazer. Eu deveria correr até lá, enquanto os dois estavam distraídos, e correr o mais rápido que pudesse para fora da Floresta, tentando garantir que ao menos ganhasse em segundo lugar?
– Rose, - disse Scorpius de repente. - pegue.
– O quê? - olhei atordoada para ele, que olhava atentamente para mim. E eu soube imediatamente que ele sabia o que eu cogitara fazer. - Não! - exclamei, por algum motivo nobre ou idiota. - Fui eu quem causou toda essa confusão! Se eu não... se as aranhas não tivessem pegado as caixas... - mudei minha frase rapidamente, lembrando-me que Scorpius não sabia que eu usara uma imperdoável para controlar uma aranha. - foi minha culpa. 
– Você chegou à campina primeiro. - lembrou-me Albus.
– Eu sei, mas... - encarei os olhares decididos dos dois, e senti-me súbita e idiotamente exasperada. Qual era o meu problema afinal? Ganhar não era o meu objetivo? - Que se foda! Vamos os três pegar juntos as caixas, e chegaremos os três empatados em segundo lugar. - disse com firmeza e, apesar de parecerem um pouco hesitantes, eles concordaram.
Passamos bons segundos nos olhando, esperando o primeiro a dar os passos necessários para alcançar a caixa.
– Bem... - começou Al.
– Eu sou uma dama e cheguei a campina primeiro. - aproveitei-me do argumento de Albus e ele revirou os olhos. - Já estou machucada o suficiente... enfim, tenho muitos argumentos que me permitem ficar aqui parada olhando vocês chegaram até lá.
'– Tenho uma ideia melhor. - Scorpius disse superior erguendo a varinha apontando em direção a caixa embaixo da cabeça da aranha.
– Não vai funcionar. - murmurei cruzando os braços esperando sua falha.
Accio. - eu e Albus rimos. Scorpius resmungou, nervoso. - Accio. - falou mais decidido.
Pra quê?
Albus apenas me puxou para seu lado quando boa parte da hemolinfa veio na direção de Scorpius, que só teve tempo de gritar e ficar de costas para a gosma, que atingiu suas costas. Ele caiu com o impacto e eu e Albus gargalhamos.
– Por que isso aconteceu? - perguntou perdido se erguendo e dando pulinhos, tentando fazer a gosma escorrer o mais rápido de sua roupa.
– Qualquer bruxo minimamente inteligente sabe que essa gosma que a aranha libera ao morrer impede que qualquer feitiço seja feito. Feitiços leves, claro. - Albus explicou em meio a risos. - Meio que cria um campo de proteção.
Scorpius xingou caminhando sobre a hemolinfa decidido (isso antes de escorregar e cair de bunda sobre a gosma) e alcançou a primeira caixa, que lançou em nossa direção. Era uma prateada. Mordi o lábio inferior enquanto via Scorpius desaparecer entre os corpos das aranhas.
Albus tocou meu ombro e me virei para ele, que apontou para onde Scorpius havia acabado de sumir. Havia uma caixa dourada alojada entre a perna de uma aranha e o corpo de outra.
– Você...
– Me poupe! Ele já está melado, ele que pegue. - ri enquanto ele tomava a caixa de minha mão.
– Achei outra! - ouvi o grito animado de Scorpius e logo depois ele aparecia com outra caixa prateada.
– Pega essa daí. - apontei onde estava a outra caixa. Ele olhou desconfiado para o objeto dourado.
– Eu não vou pegar nada para o Potter. - resmungou virando as costas para a caixa, Albus se irritou e ergueu a varinha, apontando-a para Scorpius que parou no ato. - Ei cara, calma aí.
– Tá na hora de começar a agradar a família de sua namorada. Anda, pega a outra caixa. - eu olhava assustada de Albus para Scorpius, que não parecia muito a fim de ceder.
– Al...
– Shh. - ele resmungou sem me olhar. - Vai Malfoy, não vai querer saber o que eu estou pensando em lançar. - vi Scorp engolir em seco lançando a caixa que havia acabado de pegar pra gente e se voltando para pegar a outra.
– Agradar a família da namorada... Humpf! Essa é boa. - ouvi ele resmungando enquanto caminhava até nós, a caixa segura entre as mãos. Resolvi ignorar por ora, apesar de me sentir um tanto angustiada. Quer dizer, éramos realmente namorados?
Scorpius chegou até nós e atirou com tudo a caixa nas mãos de Al, que deu dois passos cambaleantes para trás ao receber o impacto. 
– Obrigada. - disse, rabugento. Scorpius revirou os olhos e se virou para mim, sorrindo lindamente. Retribuí o sorriso um tanto confusa, perguntando-me o porquê de sua súbita mudança de humor. 
Entendi imediatamente quando ele deu dois passou rápidos em minha direção e me abraçou.
– Eca, Scorp! Que nojo! - ele se afastou quando o empurrei com força, e ele e Albus dera gostosas gargalhadas. Não pude evitar e ri com eles, enquanto passava a mão em minha roupa tentando tirar a gosma. Sem sucesso, é claro.
– Ah é, e você fica rindo aí, né seu traidor? - acusei Alvo, risonha. Ele continuava rindo da expressão provavelmente cômica que eu havia feito, e aproveitei sua distração para me jogar com tudo em cima dele, sujando-o todo também.
– Rose Weasley, eu vou te matar! - rindo, corri para trás de Scorpius, como se ele fosse me proteger. Acontece que coloquei minhas mãos em suas costas para me equilibrar e acabei me sujando novamente com a gosma. 
– Droga! - exclamei, e arregalei os olhos ao ver Albus lentamente se inclinar para aquele mar de gosma, e encher suas mãos com um bocado. 
– Albus, querido, você sabe que é o meu primo preferido, não sabe? - perguntei, temerosa, vendo ele caminhar lentamente em nossa direção. Me encolhi atrás do meu namorado superprotetor, que eu sabia que não hesitaria em meu deixar desprotegida e ser atacada por meu primo. Segurei com força sua camiseta para que ele não fugisse. - Scorpius, me protege. 
Ele riu gostosamente, e foi nesse exato instante que Albus lançou seu pior feitiço. Eu realmente queria que tivesse sido como nos filmes, em que a bola de neve - no caso, de gosma - passasse lentamente, até chegar a vítima, e ela, em câmera lenta também, se abaixasse. Mas é claro que eu não tive tal sorte, e Scorpius, que parecia estar preparado, se abaixou no último momento, deixando que o impacto daquela gosma nojenta e pegajosa fosse direcionado em meu rosto.
– Eu juro que te odeio Albus Potter! 
Dez minutos depois, saíamos juntos da Floresta, rindo e lambusados até a alma de gosma de aranha. Mas, quer saber? Essa fora a tarefa mais divertida que poderia ter no Torneio Tribruxo.

Recomendação #4: O Vencedor Leva Tudo

Regras: # 1 - Provoque. - 1.1 É o que você gosta, é o que ele quer. É o que vocês fazem. - 1.2 E que se exploda o que os outros pensam. 
# 2 - Aconteça o que acontecer, não se pergunte se você poderia se apaixonar por ele. - 2.1 Porque você não pode se apaixonar por ele. Ele é seu melhor amigo.
# 3 - No fim, o perdedor deve recuar. - 3.1 e o vencedor leva tudo. - 3.2 Tudo mesmo.
P.S: as regras nunca disseram nada sobre dois vencedores.

Fanfic dos Marotos, por Nah Black. - O Vencedor Leva Tudo.

Recomendação #3: Choices

Bem, esta é uma shortfic Dramione de Cecília Potter, postada no FeB e que acho bem legal. Eu pelo menos fico rindo igual uma retardada. É pequena, mas vale muito a pena. Claro que é pequena Caren, é uma short, mas enfim, Leiam.

Sinopse: O que você faria se possuísse escolhas?
               O que você faria se tivesse sonhos?
               Se você tivesse desejos, o que faria?
               E como você teria certeza de que finalmente o conseguiu?
               Instinto.

AVRW - Capítulo 15

Malditas Caixas

Corri para dentro da Floresta sem olhar para trás. A última vez que eu me sentira tão assustada fora três anos atrás ao fugir de Londres. Precisava manter a calma, mas a escuridão da floresta não ajudava nem um pouco.
No primeiro minuto, ao invés de continuar correndo, parei ao lado de uma árvore, longe o suficiente da plateia pra que ela não visse o que eu estava fazendo. Fechei os olhos e respirei fundo, tentando controlar minha respiração e meu nervosismo. Expirei e inspirei por alguns segundos, concentrando-me em controlar as borboletas de meu estômago. Me imaginei no Salão Comunal da Sonserina, que já não me parecia tão macabro e desconfortável quanto achara no começo e, aos poucos, senti que meu corpo relaxava. Senti-me mais tranquila, embora a centelha de tensão e nervosismo ainda estivesse lá.
Sabendo que não poderia fazer melhor que isso, abri os olhos, revigorada, sentindo-me muito melhor ao olhar para aquela escuridão formada pela sombra das árvores. Me pareciam até mesmo bonitas, agora. Sem querer perder mais tempo, e com minhas emoções controladas, voltei a correr, agora muito mais tranquilamente do que no início.
Foi impossível não pensar em Caterine de forma agradecida quando os galhos, passando contra meu corpo, deixavam claro que a ideia dela havia sido ótima. Caterine dera uma ideia a Sophie: que o tecido de minha roupa fosse reforçado com feitiços que dificultariam a penetração de qualquer coisa, como os grossos galhos da Floresta Proibida. Bem, deu certo. E agora eu me arrependia profundamente de meu orgulho ter me impedido de agradecê-la pela ideia genial. Tomei uma nota mental para fazê-lo mais tarde - se eu conseguisse sair viva daqui.
Tentei me lembrar de uma detenção em que eu me metera no segundo ano - causada por Hugo - e que minha punição era achar alguma coisa dentro da floresta - o quê, exatamente, eu nunca descobri, pois até mesmo Hagrid (que monitorava a detenção) não sabia o que procurávamos; era apenas um castigo.
Não era fácil, pois ela me parecia muito mais estranha e esquisita - vez ou outra encontrei pedras enormes por entre as árvores, e elas até mesmo se mexiam. Eu nunca tinha visto pedras tão grandes na Floresta. Eram, obviamente, obstáculos da prova. O controle de minhas emoções me impedia de gritar a cada vez que algo inusitado acontecia.
Perdi as estribeiras quando tropecei em uma das várias raízes que insistiam em se movimentar. Eu via onde uma raiz estava, mudava de direção tentando evitá-la, mas do nada olha só onde ela aparece? Bem na minha frente. Do nada! Levantei resmungando ainda mais que antes.
– Ai meu Merlin! – sussurrei quando me deparei com um dos meus maiores medos. Era uma aranha. Não qualquer aranha, como aquelas que eu poderia erguer a mão – com muito medo, por sinal, já que graças a meu pai, eu morria de medo de aranhas – e matar rapidamente. Não, era uma aranha grande. Grande não, enorme, do tipo gigante. Minha respiração tornou-se falha e os batimentos de meu coração aceleraram, quase saltando para fora de meu peito de tanto terror. – Controle-se, Rose Weasley. – falei alterada e tive vontade de me matar logo depois. Cadê o controle das emoções? Fugiu, pelo jeito, ao se deparar com esse monstro. Minha vontade era de fazer a mesma coisa, mas eu não era ágil o suficiente: sabia que ela me alcançaria.
A aranha, que estivera de costa para mim, se virou agilmente. Arregalei os olhos encarando as enormes presas dela se abrindo e fechando em minha direção.
– Ok. – murmurei apertando a varinha em minha mão. O que eu poderia fazer… será que era um bicho-papão? Claro que sim. Quero dizer, que professor, com juízo perfeito, colocaria uma aranha de verdade ali? –Riddikulus. – falei com um sorriso no rosto e, para meu desespero, o feitiço bateu na aranha não causando efeito nenhum, a não ser o de deixá-la irritada e se inclinar para vir em minha direção. – Merda. – soltei começando a correr para o lado oposto ao dela.
Mas logo percebi que se continuasse assim, acabaria saindo da Floresta Proibida e perdendo a prova. Parei me virando para o lado oposto mais uma vez, ficando de frente com a Maldita que abriu ainda mais as presas, ansiando por mim. Senti a adrenalina correr por minhas veias. Não sei onde estava com a cabeça, mas corri em sua direção dando um salto e com uma cambalhota, estava no chão da Floresta e embaixo de Gigante.
Acho que essa floresta está afetando meu cérebro também, só pode!
– Incarcerous. – gritei em desespero e me aliviei ao ver que funcionara. As patas da frente da aranha estavam presas em cordas firmes e ela acabou com as presas grudadas à terra, em uma tentativa falha de fugir. – Não mexa com uma Weasley, coisinha. – falei após me levantar.
Com um sorriso de lado a lado, me virei para continuar meu caminho até o interior da Floresta. Parei um segundo analisando a situação e optei por voltar. Subi em Gigante, que guinchou em protesto. Olhei para os lados conferindo que ninguém me observava.
– Imperio. – falei baixinho com o coração martelando contra meu peito. Eu estava usando uma Imperdoável! Obviamente, não funcionou.
Eu precisava usar aquele feitiço. A aranha era uma das únicas formas em que eu teria realmente uma chance de vencer essa tarefa. Tal pensamento fez com que eu repetisse o feitiço com mais força e vontade. Senti a aranha tremer levemente embaixo de mim. A livrei das cordas e ela continuou sem se movimentar, aguardando meu comando. Sorri superior passando a corda por seu pescoço e começando a guiá-la para o interior da Floresta.
Minhas dificuldades foram quase nulas após estar em cima da tia Gigante. Me utilizei algumas vezes de feitiços para afastar algumas aranhas que tentavam se aproximar, como se soubessem que sua “irmã” não estava em seu estado normal. A Floresta tornou-se mais densa em dado momento e depois se expandiu.
Um grunhido preencheu meus ouvidos e fiz Gigante parar. Estava assustada, isso era algo que eu não poderia enganar ninguém.
– O que tem aí na frente, ein? - segui mais alguns metros Floresta adentro e percebi que minha situação estava piorando a cada segundo, ao chegar a uma enorme clareira.
Sem precisar de muito, já sabia o que “era nosso por direito” - palavras da própria McGonagall - e que “precisávamos pegar no meio da Floresta”. Chamando a atenção como um ponto preto no meio de uma imensidão branca, estava um Cérbero - real mesmo - do tipo gordo, babão e enorme. As três cabeças gigantes estavam descansando quase que lindamente no chão de terra batida.
Uma harpa tocava mágica e graciosamente em algum ponto da Floresta, fazendo-os permanecerem quietos.
Passei alguns segundos em devaneios olhando ao redor, tentando encontrar o que, afinal, devíamos levar de volta para fora da Floresta. O barulho de passos fez com que eu olhasse para trás buscando algo que não fosse nocivo. As árvores pareciam estar se comprimindo e deixando um espaço cada vez menor de fuga. Demorei em voltar minha atenção para o Cérbero e uma luz pareceu brilhar quando uma das cabeças se movimentou, como que procurando uma posição mais confortável, e revelou algo dourado pendurado em seu pescoço. Aquilo realmente não era bom, mas pelo menos já sabia o que tinha que pegar e onde.
– Será que alguém já esteve aqui? - perguntei para mim mesma, olhando primeiro para cima e encarando o céu cinzento que se estendia sobre os terrenos de Hogwarts. Olhei para o chão e havia apenas uma pegada. Uma pegada grande demais para ser de um humano normal. - Hagrid. - murmurei tentando me concentrar e pensar. Dei uma volta pela orla da clareira e encontrei algo diferente: havia sangue seco próximo a uma das patas do Cérbero. Isso significava que ele estava alimentado e dificilmente estaria com vontade de comer uma garota mirrada e sem carne como eu.
A música devia estar ligada a alguma distância que eu devia manter da criatura, ou seja, quando me aproximasse demais, a música pararia e meu desespero começaria.
Pense Rose, pense.
E uma ideia meio louca me veio à cabeça. Sequer sabia se daria certo. Quero dizer, era uma aranha, não um ser pensante, mas não perderia nada tentando.
– Circum Tria Metra Homenum Revelio. - murmurei e minha varinha permaneceu quieta, fazendo-me sorrir satisfeita por não haver ninguém por perto e pelas coisas estarem começando a dar certo. - Chame suas irmãs. - falei para a aranha.
Sim, talvez eu estivesse pirando, mas não custava tentar. Repeti uma vez mais e já estava buscando outra ideia quando a aranha embaixo de mim soltou um guincho agudo, o repetindo segundos depois. Meus olhos se arregalaram em um misto de medo e ansiedade. Será que havia funcionado?
A resposta chegou um minuto após. O grito de alguém ricocheteou pela Floresta seguido de guinchos e mais guinchos e barulho vindo das copas das árvores. A única coisa que pedi foi que Albus e Scorpius estivessem em segurança.
– Fianto Duri. - gritei quando dezenas de aranhas começaram a aparecer e vinham em minha direção, querendo atacar. - Mande-as parar, MANDE-AS PARAR! - Gigante soltou outro guincho, dessa vez mais agudo e todas as aranhas ao redor e dentro da clareira começaram a se mexer incomodadas, em protesto. Será que eu dera sorte e pegara a aranha rainha ou algo assim? Tudo bem, minha mente estava excitada demais para pensar sobre as coisas que eu estava pensando. Mais uma vez lancei o feitiço para saber se havia alguém próximo de nós e minha varinha permaneceu parada, mostrando que a situação era aquela: eu, um Cérbero e várias aranhas. Não era confortável, mas aparentemente eu era a única que havia conseguido chegar até ali e estava feliz por isto.
Observei que muitas das aranhas estavam dentro da clareira e nada havia acontecido. Dei um sorriso animado e inclinei meu corpo para frente, incentivando Gigante a continuar seu caminho até a criatura. Grande erro; bastou entrar na clareira para o som se dissipar. Foi um segundo de silêncio, com exceção do barulho das presas das aranhas que batiam umas contra as outras - sério, podia sentir o desejo que todas elas tinham em me rasgar ao meio. O som da harpa se dissipou e o Cérbero piscou os olhos, afastando-se pouco a pouco de seu sono.
– Ai Merlin, por que nada pode ser fácil? - a criatura piscou várias vezes e uma a uma as cabeças se ergueram. Olharam todas as aranhas e três pares de olhos focaram em mim. E eu, focava nas caixas penduradas nos pescoços do Cérbero.
A cabeça do meio possuía duas caixas, penduradas em cordões distintos. Uma caixa era prateada e a outra dourada, as outras duas cabeças também possuíam caixas talhadas em ouro e prata, cada uma de uma cor.
– Carpe Retractum. - gritei com força e uma energia alaranjada saiu de minha varinha indo na direção que eu apontava: o pescoço do meio da criatura, tentando agarrar a caixa prateada. Inicialmente funcionou, eu estava conseguindo movimentar o cordão que prendia a caixa, mas então a energia se dissipou, sem minha autorização. Olhei com raiva minha varinha e tentei mais uma vez; outra vez, a energia não durou muito. O Cérbero começou a ficar meio nervoso, erguendo-se sobre suas patas.
– Claro que não seria fácil. - resmunguei pensando em outra alternativa. - Quero aquela caixa. - falei à Gigante. - Quero a caixa prateada. Peça a elas, por favor, para pegarem para mim. - aguardei esperando minha ordem ser cumprida, e alguns segundos depois, após um guincho agudo de Gigante, começou uma movimentação de aranhas indo para o meio da clareira, em direção ao Cérbero que rosnou, furioso. Quando a primeira aranha estava sobre seu corpo, ele iniciou uma sequência de latidos ensurdecedores, movimentando-se de um lado para o outro tentando tirar as dez ou mais aranhas que estavam sobre seu corpo.
Inclinei-me sobre Gigante e disse a ela para seguir até a criatura. Aquele momento era o que eu tinha. Com tantas aranhas, o Cérbero estava distraído e não atacaria somente a mim. Gigante fez acrobacias passando sobre as outras aranhas e eu me agarrava ao meu maior medo como se minha vida dependesse disso. E realmente dependia. Em certo momento Gigante ficou de cabeça para baixo, quando finalmente conseguiu chegar ao pescoço do Cérbero. Eu estava a menos de um metro da caixa quando alguma coisa me atingiu e me soltei de Gigante, sendo lançada contra as árvores.
POV Albus
Estava mais uma vez saltando as endemoniadas raízes que insistiam em me perseguir, correndo que nem um maluco pela Floresta.
– Preciso ir mais rápido. - murmurei exatamente no momento em que a sombra de algo passou sobre mim e um baque se estendeu as minhas costas. Respirei fundo, a mão suada agarrada a varinha e fazendo de tudo para evitar tremer de medo.
Olhei para trás e vi as curvas de um corpo. Primeiro achei que fosse uma ilusão, mas então reconheci os cabelos de Rose e o macacão azul colado ao corpo que ela usava. Aquilo também podia ser uma ilusão, mas não podia arriscar.
Andei cautelosamente até o corpo e me assustei ao perceber que era mesmo Rose, estava bastante machucada e desacordada. Me abaixei ao lado de minha prima e virei seu rosto em minha direção. Uma fina linha de sangue saía de sua boca. Engoli em seco em dúvida quanto ao que fazer.
– Rose... - sussurrei, aterrorizado, ao ver minha prima daquele jeito. Peguei minha varinha rapidamente, apontado para seu peito. - Ennervate. - murmurei e ela se agitou em meu colo, se erguendo rapidamente e tossindo. Olhou para mim, parecendo perdida. - Está bem? - ela demorou para focar em meu rosto, parecendo confusa.
– Albus?
– Rose! - exclamei, suspirando de alívio.
– As aranhas... Onde elas estão? - murmurou, olhando confusa para os lados.
– Quê? - meu olhar suavizou ao perceber sua profunda confusão. - Rose, você bateu a cabeça, mas tente se recuperar, ainda temos que achar... - seu olhar se fixou em meu rosto, de repente irritado e um tanto cômico. Ela se levantou bruscamente, olhando para os lados como se tentasse saber onde estava. Ela pareceu reconhecer o lugar em que estava.
– Não seja idiota Albus - disse, pegando em minha mão e me puxando para não sei onde -, eu achei as caixas. Enfeiticei as aranhas para pegá-las para mim, mas alguma coisa me bateu e me atirou para longe. Só não sei o quê. - ela parecia novamente confusa, e a preocupação jorrou em meu íntimo. Será que Rose batera a cabeça forte demais? O que eu deveria fazer: deixá-la aqui, confusa e desorientada, enquanto eu completava a tarefa? Não, é claro que não. Rose precisava de minha ajuda, que se dane esta tarefa! Minha prima é mais importante.
Percebi o quanto minhas divagações eram tolas ao encarar aquele enorme cão de três cabeças. Ao adentrar uma espécie de clareira, ouvi o som suave de uma harpa tocando ao longe e, segundos depois, o mesmo som parar. O cão, antes adormecido, pareceu acordar, e eu recuei um passo, assustado. Mas eu não sabia se o susto era por conta do cão ou pela expressão de Rose, que olhou para mim completamente em pânico.
– Onde estão as caixas?

AVRW - Capítulo 14


Ansiedade
Albus estava sério. Conhecia meu primo e aquele humor era a melhor forma de me fazer querer sair dali correndo.
– Por… quê está perguntando isso?
– Você o chama pelo primeiro nome. E agora há pouco estava de mãos dadas com ele! – ele falava freneticamente, as mãos se movimentando tão rapidamente quanto as palavras saíam de sua boca.
– Al… – demorei um segundo para continuar. – Nós estamos nos conhecendo. – que coisa estúpida de se dizer, mas é que nada melhor vinha à minha cabeça. Quero dizer, de qualquer forma, eu já estava preparada para o que viria.
– CONHECENDO? NÃO SE CONHECE O MALFOY, ROSE. Quero dizer, conhece-se o suficiente para se manter LONGE. Principalmente você! – um formigamento subiu por meu pescoço. Albus sabia tocar em meu ponto fraco porque ele sempre o alcançava quase que indiretamente. Vamos dizer de forma sorrateira.
– As coisas mudam Al… ele pode ter mudado assim como eu.
– Mudou o suficiente pra esquecer o jeito que ele te tratava?
– Apenas o suficiente para deixar pra trás. Éramos crianças e crianças machucam umas as outras. Não posso guardar mágoa por ele pelo resto da vida. Estamos tendo a chance de nos conhecer agora, de uma forma verdadeira. – desejei que minhas palavras fossem verdadeiras. Desejei que eu realmente sentisse todas aquelas coisas, que meu rancor tivesse embarcado em uma viagem sem volta para longe e estava pronta para perdoar e conhecer o Scorpius bom que ele estava se mostrando ser. Mas o Scorpius mal ainda estava vívido em minha mente e eu simplesmente não podia esquecer - e nem queria.
– Não existe disso, Rose. Ele só está com você porque você voltou do nada e, de quebra, bonita. - disse, um tanto sem graça.
– Ele não vai me magoar, Al. Isso que importa. - ele deixou os braços caírem pesadamente ao lado do corpo claramente revoltado com minhas palavras. Será que elas soavam tão estúpidas assim? - Quero dizer…
– Você é mais inteligente que isso Rose. Se afasta do Malfoy…
– Não posso fazer isso. Eu não consigo. – Albus abriu a boca tentando dizer algo e logo depois tornou a fechá-la. – Você pode apoiar e chutar o traseiro dele se ele fizer algo estúpido. – tentei quebrar o clima tenso.
Seu olhar se demorou em mim e logo depois ele gargalhou.
– Vou chutar mais que o traseiro dele, Rose.
– Ei rapazinho. – a voz arrepiante do estranho zelador de Hogwarts chamou nossa atenção. Desviamos em sua direção e a pele de seu rosto parecia ainda mais ressecada que a primeira vez que eu o vira.
– Não pense que não vou comunicar à Diretora que está fora de sala em horário de aula! - resmungou autoritário e Albus concordou ao meu lado.
– Já estou indo, senhor. – falou baixo. Enquanto caminhava na direção de uma escada próxima, olhou para mim e pronunciou duas palavras que fizeram os cabelinhos da minha nuca eriçarem:
– Conversaremos depois.
Conversar depois. Já previa os sermões que receberia de Albus. Precisava fazê-lo mudar a direção de sua atenção para outra coisa, qualquer que fosse.
(...)
– Psiuu… Rose? – estava passando por uma das prateleiras da Biblioteca. Dei um passo para trás encontrando Friedrich.
– Ah, oi. – soltei surpresa por sua presença ali. Fritz era o tipo que ficava o mais longe possível de livros. – O que faz aqui?
– Nada a fazer. Sem poder fazer o que eu mais gosto…
– Quadribol. – soltei rapidamente e ele sorriu.
– É. Estava pensando em ir falar com a diretora daqui. Pedir licença para utilização do campo nos horários em que os alunos daqui estão em aula. Você acha que ela concordaria?
Meneei a cabeça afirmando.
– Provável Fritz, só falar com jeito. E afirmar que não se dedicarão exclusivamente a isso - como sei que quer fazer. – frisei fazendo-o rir. – Não pode ser seu objetivo aqui.
– Você me conhece bem. – balancei os ombros dando um sorriso travesso para ele.
– Nada sobre você que eu não saiba.
– Tisc tisc, algumas coisas mudam com o tempo e… há quanto tempo mesmo está me evitando?
– Eu não estou te evitando! – rebato sem graça e cruzo os braços na frente do corpo. – De onde tirou isso?
– Nem te conto. – riu-se levando a própria mão em direção a minha e um segundo depois me puxava para si. Por um momento, temi que meus antigos sentimentos viessem a tona, mas constatei, feliz, que nada senti com aquele gesto. Fritz era passado e cada vez mais eu percebia isso.
– É verdade, eu tenho te evitado. – falei normalmente e dei um leve empurrão em seu peito, cruzando meus braços numa posição defensiva. Seus olhos estavam sobre mim extremamente surpresos. Me senti um pouco estranha ao ter aqueles olhos esverdeados sobre mim tão intensamente. Não pelo modo como ele me encarava, mas por eu não sentir absolutamente nada. Eu sentia que minha máscara fria não era mais exatamente uma máscara. Eu não estava sentindo absolutamente nada com aquele olhar, e era isso que me fazia sentir estranha. – Você fica tentando… fica sempre falando da gente, do que aconteceu… e fica me agarrando. – resmunguei quando ele segurou meu braço e me puxou para si. Mais uma vez o afastei com uma expressão séria.
– Qual é, Rose.
– Você já me arrumou confusão suficiente ontem naquele jogo, Fritz. – ele riu. – É sério.
– Que culpa eu tenho se o marrentinho não confia no próprio taco? – marrentinho? Meu olhar nublou-se com aquilo.
– Não fale assim dele, por favor. – adverti o mais calmamente possível. Ele fez uma expressão estranha e analisou o meu rosto seriamente. Sua expressão passou para zombeteira em poucos segundos.
– Não acredito que está se apaixonando justamente pelo…
– Rose? – uma voz interrompeu o que ele iria falar. Dei um olhar de advertência para ele antes de me virar e me deparar com Albus.
– Al? Não devia estar na aula? – ele balançou os ombros parecendo não se preocupar com aquilo.
– Eu… não conseguia me concentrar. Tinha que falar com você.
– Depois a gente se fala, Rose. – Fritz tocou meu ombro e se afastou. Por um fugaz momento, senti a vontade de chamá-lo de volta. Mas bem, eu precisava enfrentar Albus uma hora ou outra: por que não agora?
– Tudo bem. – falei acompanhando-o com o olhar enquanto se afastava. – E então? – sorri me virando para Albus.
– E então o quê?
– O que você queria falar comigo.
– Ah… bem, Rose, eu queria… você sabe… – me olhou, como se realmente soubesse o que estava falando. Encarei ele completamente perdida: se ele não iria me passar um sermão, como eu supusera, o que ele queria?
– Não, Albus, eu realmente não sei do que você está falando. – disse calmamente.
– Ok… er… Merlim! Isso é muito constrangedor! – sorri divertida ao ver as bochechas de Al pegando fogo. Agora eu já tinha uma ideia do que ele queria, apenas não sabia com quem. E eu não ajudaria nadinha ele a chegar nesse assunto.
– Albus, você precisa de ajuda em alguma coisa? – seu rosto se iluminou, como se imaginasse que eu adivinhara o que ele queria. – Está com dificuldade em alguma matéria? – e sua expressão murchou novamente. Contive uma bela gargalhada, estava realmente me divertindo com seu desespero.
– Tudo bem, eu vou falar… eu-quero-sua-ajuda-com-uma-garota. – ele falou realmente rápido, mas eu entendi o que ele queria. Continuei me fazendo de desentendida.
– O quê?
– Eu quero sua ajuda com uma garota! – exclamou, alto. Não consegui mais evitar e tive que rir de sua expressão. – Do que você está rindo? – perguntou, e não soube muito bem se estava encabulado ou com raiva.
– Ai, Albus… eu entendi o que você queria faz um tempinho. – confessei entre risos. Ele fechou a cara, e minha teoria de que ele estava com raiva se confirmou. – Mas diga, quem é? – perguntei mais animada.
Ele retomou à encabulação anterior e então forçou um sorriso.
Ele respondeu, mas tão baixo, que desta vez eu realmente não ouvi.
– Quem?
– Sophie. – respondeu, mais alto. Meus olhos se arregalaram e eu fiquei por um momento em choque. Fui pega de surpresa, confesso. Meu rosto se iluminou de compreensão e eu, sem conseguir evitar, dei um pequeno gritinho, correndo para abraçar Albus.
– Isso é maravilhoso, Al! Será ótimo ter Sophie na família! – meus olhos deviam estar brilhando, sem dúvidas. Albus se desvencilhou, aturdido.
– Epa, epa, epa, Rose Weasley, estou pedindo ajuda para sair com ela, não para pedi-la em casamento! – seus olhos estavam arregalados ante essa perspectiva, mas eu não liguei. Realmente, Sophie e Albus formavam um belo casal, e eu faria de tudo para juntá-los.
(....)
– No que você está pensando? – perguntou Scorpius, observando minhas unhas subirem e descerem por seu braço. Era um sábado e estávamos deitados em sua cama no dormitório - ambos completamente vestidos. Meu rosto estava deitado em seu peito e uma de suas mãos acariciava meu cabelo, enquanto eu fazia carinho na outra que estava esticada. Estávamos em silêncio há um bom tempo, e continuei por mais uns segundos sem falar nada. Por fim, respondi:
– Estou preocupada com o Torneio. – falei o mais calmamente que pude. Ele parou com o cafuné por um momento, mas eu soltei um pequeno gemido de protesto e ele voltou a massagear.
– Preocupada com o quê, exatamente?
– Oras, Scorpius, com tudo! – exclamei, angustiada.
– Você está com medo de morrer? – perguntou, baixa e calmamente. Indignada, me desvencilhei de seus braços, virando-me de frente para ele.
– É claro que não! Meu maior medo é que algo aconteça com você ou com Al, não comigo! – disse, um pouco alto por causa de minha indignação. Seu rosto, antes surpreso com minha mudança de espírito, se suavizou, e ele me puxou novamente para seus braços.
– Pois então não precisa se preocupar, nada irá acontecer comigo. – fiquei mais um momento em silêncio, voltando a passar delicadamente minhas unhas por seu braço. Era impossível não me preocupar, simples assim. Tudo o que eu queria era que nem ele e nem Albus estivesse naquele Torneio.
(...)
– Está preparada? – Sophie perguntou baixinho do meu lado. Ainda estávamos no quarto e eu encarava minha fisionomia meio amarelada no espelho. Encarei friamente o reflexo de Caterine que estava em pé nos observando a distância.
– Estou sim. – respondi para Sophie e prendi meu cabelo em um rabo de cavalo bastante apertado. – To com uma sensação estranha na boca do estômago… isso é fome? – ironizei fazendo-a rir.
– Claro que sim. Certeza de que não vai comer nada? – concordei me virando para ela.
– Se colocar alguma coisa pra dentro, não sei se ela vai permanecer aqui. – batidas na porta e logo depois a cabeça de Aline aparecia. Tinha um sorriso imenso e sabia que ele estava ali apenas para me motivar.
– Bom-dia, Campeã. – revirei os olhos movimentando os dedos chamando-a para entrar. Ela negou fazendo o mesmo movimento que eu e fui em sua direção. Passei em frente a Caterine sentindo que ela me olhava.
Após fechar a porta atrás de mim, acompanhei Aline retirar do pescoço um colar de prata que ela nunca largava. O estendeu para mim e me inclinei para trás, surpresa.
– O que…
– É pra dar sorte. – rapidamente o ergueu na altura de meu pescoço e o pingente de uma fênix tocou a pele exposta de meu colo.
– Line. – falei com um sorriso retribuído por ela.
– E pra saber que eu estou com você, claro.
– Sei que está comigo. Isso é algo que nem se precisa dizer.
A abracei fortemente.
– Já se reconciliaram? – não respondi e ela deu um longo suspiro. - Rose, a última coisa que queria era atrapalhar a amizade de vocês.
– Mas você não atrapalhou nada. Apenas me mostrou que Caterine não é nada do que eu pensei. Não. – a interrompi sabendo que ela diria qualquer coisa que talvez me fizesse perdoar Caterine, mas aquilo, pelo menos por enquanto, parecia algo impossível. Ela concordou dando um largo sorriso e voltando a me abraçar.
– Boa sorte. Quero dizer, bom trabalho. E acabe com esses garotos. – ela me socou levemente no braço e gargalhei.
– Pode deixar, mostrarei para o que viemos. – voltei para o quarto pegando minha varinha e me olhei rapidamente no espelho mais uma vez. Aquele pouco tempo com Aline me fizera bem – estava mais corada que dois minutos antes.
– Rose? – a voz rouca de Caterine – que pegara uma bela de uma gripe na última semana – encheu meus ouvidos. Me virei e vi Sophie saindo rapidamente do quarto. – Boa sorte lá. – ela falou quando não falei nada e nossos olhares apenas se encontraram, de forma bastante diferente de duas semanas atrás. Era como se tivéssemos nos tornado duas estranhas.
– Obrigada. – aquela resposta, pequena e clara, foi a mesma que dei a todos os meus colegas enquanto me encaminhava para fora do Salão Comunal. A sensação de mal estar me tomou de vez quando pisei no gramado à frente da Escola. O vento parecia assobiar uma melodia estranha e obscura enquanto batia em meu rosto, como se protestasse minha presença ali; como se também me pedisse uma justificativa para ter abandonado aqueles terrenos.
– Tem certeza que não quer se juntar a mim? – Boris, com a maravilhosa mania de acabar com a suave pronúncia da minha língua natal parou ao meu lado. Demorei um segundo para me situar e compreender o que ele queria dizer com aquilo.
– Eu não vou sabotar prova nenhuma, Kubrat.
Ele elevou os ombros e os abaixou logo depois.
– Você quem sabe. Era melhor ter ficado ao meu lado. – foi a última coisa que disse antes de se afastar. Encarei suas costas levemente curiosa em saber se aquilo havia sido uma ameaça, pois havia soado como uma. Que ele tentaria algo contra Al e Scorp eu já estava ciente, desde que ele viera falar comigo pela primeira vez. Problemático seria, caso ele desejasse aprontar comigo também.
Naquela prova, não tinha certeza se conseguiria me concentrar totalmente. Estava com aquele mal pressentimento e agora Kubrat ficava nessas insinuações. Mas até o fim da prova, saberia do que aquele garoto era capaz.
– Pronta, rival? – meus devaneios foram interrompidos por Scorpius. Seu braço estava ao redor de minha cintura e ele beijou delicadamente minha fronte. Tentei forçar um sorriso, mas meus músculos pareciam se recusar a tal ato. - Parece que não.
– Não acordei bem, Scorp. Só isso. Estou com um mal pressentimento. – ele me olhou um momento, antes de depositar um beijo demorado em meus lábios.
– Relaxa Rose, além do fato de que eu conseguirei uma nota melhor que a sua nessa prova, nada demais irá acontecer. – finalmente uma gargalhada saiu naturalmente de mim naquela manhã fria.
– Vai sonhando. – falei achando graça.
– Bora mané, hoje não tem namorico pra vocês não. – Luke chegou, escandaloso como sempre, bagunçando o cabelo de Scorpius. Este xingou o amigo antes de me dar um último beijo e correr atrás de Luke, lhe dando um tapa na cabeça.
Sophie apareceu ao meu lado e segurou minha mão, me puxando na direção da Floresta Proibida. A professora McGonagall pedira aos Campeões na noite anterior, que às oito horas em ponto, os quatro estivessem na barraca que estaria montada em frente à Floresta.
Agora ali estava eu, caminhando como quem caminha para a morte.
– Seja lá o que for, arrase. – Soph sussurrou para mim e deu um beijo em meu rosto logo antes de se afastar.
Entrei na cabana me deparando com os outros três Campeões. Albus estava meio amarelo e parecia nervoso, movimentando as mãos pelos dois minutos que se seguiram enquanto aguardávamos qualquer pessoa entrar. Olhei para Kubrat no canto da tenda, mas ele estava imerso em devaneios e sequer reparou que eu o observava. Scorpius parecia muito feliz testando sua varinha do outro lado da tenda. Não me restou alternativa que não fosse me sentar em um dos bancos de madeira que havia ali e esperar.
– Bom dia, senhores. – McGonagall finalmente chegou acompanhada do senhor Hadwin e da senhora Rodrigues.
O senhor Hadwin, Chefe do Departamento de Cooperação Internacional em Magia, já era um senhor de idade, mas aparentava ter possuído beleza quando jovem. A senhora Rodrigues, em oposição, parecia uma adolescente de vinte anos – coisa que obviamente não era, considerando ser Chefe do Departamento de Jogos e Esportes Mágicos.
Após as apresentações, as instruções foram dadas. Ovacionados, saímos da tenda dos Campeões em direção a pontos distintos para entramos na Floresta Proibida. Com vontade de segurar meu coração para que este não saísse por minha boca, escutei as cinco palavras que fizeram meu terror aumentar.
– Que comece a primeira prova.
No meu dizer: que comece o show!
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